“Xular” os outros

Numa cidade, onde os arrumadores surgem de onde menos se espera, aconteceu-me o seguinte:
Estacionei o carro, e não vi nenhum. Já era de noite e, por isso, desliguei as luzes, antes que algum viesse ao meu encontro.
Por momentos acreditei nisso! Mas lá estava ele, a dirigir-se à viatura. Ainda dentro do carro, roguei logo uma praga, pois nem sabia se tinha alguma moeda comigo. E, assim sendo, era o mesmo que contar com mais um risco no carro, desta vez com a certeza de que tinha sido feito propositadamente.
Sorte a minha, lá encontrei 50 cêntimos para dar a alguém que nada fez para me ajudar a estacionar. Que novidade!
Ao sair do carro, o jovem, aproxima-se e diz: “Hoje só ainda comi um bolo e bebi um café”.
Aquela lengalenga deve ter sido pronunciada o dia todo. É o que eu penso.
Mas, permitam-me desconfiar do seguinte – ele até poderia ter comido e bebido só aquilo, mas cigarros e drogas não lhe devem ter faltado ao pequeno-almoço, ao almoço e ao lanche. Pelo menos assim me fez crer.
Será que não há um Governo neste país que erradique de vez com os arrumadores? Há sítios em que uma pessoa põe dinheiro no parcómetro e ainda leva com um fulano mal-encarado a pedir esmola. Haja paciência.
Sabem o que lhes digo, não ganham o Ordenado Mínimo, isso vos garanto. Ganham muito mais.